quarta-feira, 29 de julho de 2009


Pus-me à janela na esperança de que ele passasse e me tirasse para uma dança. A última entre nós. Ensaiei a canção de quando me tirou para dançar na primeira vez. Dois pra lá,dois pra cá. Foi incrível o silêncio que se fez naquele enorme salão.Duas almas que se completaram. Continuava à janela. Olhei para dentro um instante na intenção de ver as horas, e ao lado do velho relogião, estava a foto dele.Parei no tempo. Lembrei de quando me roubara o primeiro beijo. Fora nos festejos da igreja da cidade. O céu todo estreladinho e os fogos de São Francisco iluminando a pracinha. Na prenda,entreguei meu coração. Corri até a janela, na esperança do meu bem passar. No entanto,veio a Dona Maria,a Dona Luzia,o Seu João e nada. Até o bonde das dez passou. Trouxe consigo a recordação de quando namoravámos, e em dias cheios de amor,ele avisava a hora de parar o pega- pega. Nos despedíamos com o beijo mais doce que o doce da confeitaria do Seu Evandro. Eram dias quentes. Estava dando meia-noite quando resolvi entrar,inundada de recordações e com uma canção não dançada. A dor era igual de quando o vi partir. As portas do meu coração se fecharam para o amor. Fechei a janela e durmi.

quarta-feira, 15 de julho de 2009


Ouvi o seu som cair lá fora. O cheiro da terra molhada e o estalinho dos pingos logo me chamaram até a janela. Era uma tarde de inverno e, distintamente às outras, fiz silêncio. Lembrei dos dias quentes e...queimou aqui dentro. Queimou o poema rasgado,o beijo suspirado,o disco furado...A chuva me inundou a vida me inundou a vida me inundou...